domingo, 19 de setembro de 2010

Nâo sei porque guardo


Meia dúzia de sempre-vivas mortas

um calendário antigo com datas marcadas

uma saudade boba de quem nunca foi nem veio

um beijo que roubei na passada do vento

um carretel com um restinho de linha frutacor

um cisco de um olho que chorou muito

um aceno de adeus que nunca mais voltou

duas gotas de orvalho de uma manhã de setembro

a chave que abriu o coração e nunca mais fechou

um barquinho que perdeu o remo e o rumo

uma fita que desamarrou um segredo escondido

meio sorriso amarelado pelo tempo

um suspiro derretido pelo olhar de alguém

um restinho de perfume de um amor antigo

um sonho de menina cortado ao meio

e uma caixa de giz de cera

Nenhum comentário:

Postar um comentário